Uma Conversa em Comemoração ao Dia da Igualdade da Mulher: Ana Paula Corrêa

Redazione SIMZINE
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Ana Paula Corrêa é uma empreendedora brasileira, fundadora da Simula Health. A conversa com ela é em comemoração ao Dia da Igualdade da Mulher

Todos os anos, em 26 de agosto, o Dia da Igualdade da Mulher comemora a data de 1920, quando a 19ª Emenda dos EUA concedeu o direito fundamental de voto às mulheres. Para celebrar e promover o papel das mulheres empreendedoras no avanço do crescimento da simulação, conversamos com Ana Paula Corrêa, uma empreendedora brasileira que conseguiu trilhar seu caminho com muito empenho e comprometimento.

Inspirada em sua tese de doutorado, fundou e é atual CEO da Simula Health, startup brasileira inovadora que desenvolveu uma plataforma virtual de treinamento em saúde. Ana Paula decidiu deixar temporariamente de lado a carreira acadêmica acreditando que o impacto de sua startup no ensino de saúde no Brasil seria muito mais significativo e marcante.

Ao destacar a história de Ana Paula, esperamos continuar a encorajar as futuras gerações de jovens mulheres e simulacionistas a quebrarem estereótipos de gênero e a tornarem-se líderes inovadoras no campo da simulação.

Ana Paula Corrêa

Founder da Startup Health – Primeira Solução de Treinamento com Realidade Virtual para equipe de saúde no Brasil.

Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Doutorado Sanduíche no Exterior pela Universidad Católica San Antonio de Murcia (UCAM) – Espanha, fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior.

Mestrado e Graduação em Enfermagem pela UFRGS.

Instrutora em Simulação Clínica pela Laerdal.

Experiência hospitalar de mais de 10 anos, clínica, cirúrgica e UTI como enfermeira do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) como professora universitária da disciplina de Administração da Escola de Enfermagem da UFRGS.

Pesquisadora na área de segurança do paciente e simulação clínica.

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Ciao Ana Paula, muito obrigado por concordar em conversar com nossos leitores. Temos o prazer de celebrar o Dia da Igualdade da Mulher recebendo uma mulher empreendedora. Primeiro, conte-nos sobre o Simula Health ..

É realmente uma honra estar aqui e compartilhar a história da Simula Health neste Dia da Igualdade da Mulher. Embora sonhe com um futuro onde o empreendedorismo seja celebrado sem distinções de gênero, reconheço a importância de ocasiões como esta para destacar as conquistas das mulheres no mundo dos negócios.

A Simula Health é uma startup brasileira inovadora que se destaca por sua plataforma virtual de treinamento em saúde. Pioneira na América Latina, nossa plataforma disponibiliza um hospital virtual, onde profissionais de saúde em formação ou já formados podem simular cenários de saúde através da realidade virtual .

Esse treinamento oferece uma experiência prática e imersiva, preparando melhor os profissionais para os desafios do mercado de trabalho, antes mesmo de interagir com pacientes reais. Acreditamos que a tecnologia tem o potencial de revolucionar a formação dos profissionais de saúde, conduzindo, em última análise, a cuidados de maior qualidade para todos. A Simula Health está empenhada em contribuir para a capacitação e desenvolvimento contínuo dos profissionais de saúde, criando assim um impacto positivo na sociedade.

Como você teve sua ideia de negócio?

A ideia do Simula Health surgiu de minhas próprias experiências pessoais e profissionais. Como recém-formada em enfermagem e professora universitária, testemunhei a falta de preparação dos profissionais de saúde para lidar com situações da vida real no hospital. Minha inspiração veio de minha tese de doutorado, que explorou a simulação clínica como método de treinamento. Identifiquei as limitações das abordagens tradicionais de simulação e reconheci a oportunidade de integrar a tecnologia no setor da saúde. Através da plataforma Simula Health conseguimos suprir esta lacuna proporcionando formação imersiva através de realidade virtual.

A tecnologia permitiu-nos ultrapassar barreiras e democratizar o acesso à formação em saúde, tornando-a mais eficiente e escalável .

Qual é o usuário típico da sua solução de VR?

Nosso principal público-alvo da solução de realidade virtual da Simula Health é o setor profissional de saúde no Brasil, um país com vastas dimensões e complexos desafios de saúde. Reconhecemos que muitas instituições de formação e hospitais enfrentam limitações na criaação de laboratórios de simulação clínica. Dada esta realidade, a nossa plataforma pretende atender às necessidades daqueles que procuram formação prática antes de interagir com pacientes reais, ao mesmo tempo que considera o impacto emocional envolvido em cenários críticos de saúde.

A realidade virtual surge como uma solução promissora, oferecendo formação acessível, imersiva e de alta qualidade. Amplia o alcance das oportunidades de aprendizagem e prepara melhor os profissionais de saúde para lidar com os desafios do mundo real, fornecendo uma ferramenta valiosa para melhorar as suas competências e preparação.

O que você fazia antes disso e este é seu primeiro negócio?

Antes de embarcar nesta jornada empreendedora, estive e ainda estou ativamente envolvido no setor da saúde. Sou CEO da Simula Health e também atuo como enfermeira em um hospital universitário no Sul do Brasil, acumulando mais de uma década de experiência.

A minha trajetória levou-me por diversas áreas, desde unidades clínicas e cirúrgicas, até unidades de tratamento intensivo. Além disso, tive o privilégio de lecionar por um ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Embora, adore o ambiente acadêmico e a interação com os alunos, decidi afastar-me temporariamente da minha carreira acadêmica.

Acredito que o impacto da nossa startup na educação em saúde no Brasil será muito mais significativo, superando a influência que eu teria mantido ao seguir uma trajetória acadêmica após concluir meu doutorado.

Como é ser mulher empreendedora na Simula Health?

Ser mulher empreendedora na Simula Health é uma grande conquista para mim. Não só tenho a oportunidade de aplicar meus conhecimentos de simulação clínica ao negócio, mas também percebo o impacto social que posso gerar na formação em saúde, tanto em nível nacional quanto latino-americano.

No contexto do Brasil, empreender como mulher em uma startup de base tecnológica apresenta desafios notáveis. Além de ser pioneira na realidade virtual, enfrento obstáculos distintos, como a procura de investimentos e o confronto com preconceitos e desigualdades de gênero. Estes desafios podem ser desanimadores, mas acredito profundamente na importância da causa que defendo. Continuo comprometida e inspirada pelo impacto potencial que podemos alcançar e pela mudança que estamos ativamente provocando no mercado.

Qual mulher mais te inspirou e por quê?

Selecionar uma única mulher como inspiração seria injusto, pois várias delas moldaram minha jornada.

Minha família, minha mãe e irmã, me inspiram com sua dedicação e amor. No nível intelectual, minha orientadora de doutorado, professora Mariur Beghetto, me fez acreditar em mim mesma e perseguir sonhos que pareciam inatingíveis. Ela me ajudou a despertar minha autoestima e a acreditar no meu potencial.

Além disso, empreendedoras na área financeira no Brasil, como Cristina Junqueira (cofundadora do Nubank) e Nathalia Arcuri (cofundadora do Me Poupe), também me inspiram. Ultrapassaram barreiras, desafiaram limites e impactaram vidas, influenciando o dia a dia de muitas pessoas aqui no país. Essas mulheres me ensinam que é possível alcançar o que é aparentemente inatingível.

Há algo que você gostaria de ter feito diferente?

Adorei a pergunta! Quando se trata desta questão, acredito que a resposta é incerta. A trajetória empreendedora é marcada por uma mistura de erros e acertos, uma jornada emocional complexa. Um dia você se sente invencível; no próximo, você questiona suas escolhas.

O processo de empreendedorismo é transformador, uma das melhores decisões que já tomei. Portanto, considerando a montanha-russa de sentimentos e vivências, eu não mudaria nada, pois cada passo foi parte vital dessa jornada. A maturidade que ganhei com essa transformação me permitiu tomar decisões mais assertivas. No final das contas, eu faria tudo igual, porque era o melhor que eu poderia fazer com os recursos disponíveis naquele momento. Adorei a pergunta.

Quais são os principais desafios de uma mulher empreendedora na indústria de simulação?

Os desafios de uma mulher empreendedora na indústria de simulação são extensos e variados. Enfrento barreiras significativas, uma vez que muitos tomadores de decisão são homens – investidores e clientes – o que dificulta inerentemente a entrada no mercado. Além disso, em uma área dominada por profissionais médicos, há uma tendência a subestimar outras áreas como a enfermagem (pelo menos no Brasil). A presença de empresas monopolizando a simulação, especialmente em países como o Brasil, acrescenta outro desafio. Demonstrar o valor e o potencial do meu negócio enquanto competidora no mercado com recursos financeiros limitados parece quase intransponível. No entanto,

vejo estes desafios como oportunidades para quebrar estereótipos e superar obstáculos, capacitando-me para liderar com resiliência e determinação.

Quais são seus planos futuros?

Meus planos abrangem dimensões profissionais e pessoais. Na frente profissional, meu foco está na Simula Health, visando solidificá-la como uma empresa renomada e de sucesso. Aspiro desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento dos indivíduos, potencializando as suas carreiras através da minha empresa e influenciando positivamente a educação em saúde, melhorando a qualificação dos profissionais. Consequentemente, pretendo fazer a transição dos cuidados hospitalares e canalizar minhas energias inteiramente para a educação em saúde.

Do lado pessoal, mantenho ambições financeiras e sonhos a serem realizados no âmbito dos relacionamentos. Estabeleci prioridades e estou em paz com minha trajetória.

Que conselho você daria a qualquer aspirante a líder empresarial que estivesse lendo este artigo?

Meu conselho para qualquer aspirante a líder empresarial é encontrar um propósito superior que transcenda os desafios e frustrações iniciais em empreender. Embora esses obstáculos inicialmente tenham alimentado minha motivação, descobrir um propósito genuíno tornou-se a força motriz mais poderosa para me manter focada. Quando identificamos esse propósito, somos movidos por uma resiliência e uma determinação que muitas vezes parecem inalcançáveis.

Ao longo da jornada com a Simula Health , experimentei uma profunda transformação pessoal e profissional. Minha ambição agora é inspirar outras pessoas em suas jornadas empreendedoras, assim como fui inspirada por inúmeras pessoas ao longo do caminho. Encontrar um propósito genuíno é a base para enfrentar as adversidades e construir um negócio de impacto duradouro.

Muito obrigado por compartilhar sua experiência empreendedora conosco e boa sorte no crescimento do seu negócio.

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